21.9.06

Porque às vezes é tempo de parar e reflectir. Porque nem sempre a net está onde queremos e no exacto momento em que a queremos. Viajamos. Conhecemos outros, não novos, mas diferentes mundos. E muitas vezes sabe bem saboreá-los sozinhos. Até ao dia em que voltamos com toda a vontade de partilhar. No início de mansinho.

Até amanhã.

18.7.06

A avaliação dos alunos: novas tendências

Esta foi-me enviada por mail. Por a achar bem actual, por senti-la todos os dias e porque julgo que afecta principalmente os alunos, aqui vai:

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As coisas têm de mudar, dizem as novas correntes da Educação. Aqui está um exemplo da NOVA ATITUDE que os professores têm de adoptar, a bem dos tempos modernos.

Avaliação de um exercício nos tempos que correm...

(Orientado para professores que têm de mudar... e cumprir políticas da Srª Ministra... )

QUESTÃO PROPOSTA:

6 + 7 = ?

A . EXERCÍCIO FEITO PELO ALUNO:

6 + 7 = 18

B . ANÁLISE:

A grafia do número seis está absolutamente correcta;
O mesmo se pode concluir quanto ao número sete;
O sinal operacional + indica-nos correctamente que se trata de uma adição;
Quanto ao resultado, verifica-se que o primeiro algarismo, 1, está correctamente escrito - corresponde ao primeiro algarismo da soma pedida. O segundo algarismo pode muito bem ser entendido como um três escrito simetricamente - repare-se na simetria, considerando-se um eixo vertical! Assim, o aluno enriqueceu o exercício recorrendo a outros conhecimentos, a sua intenção era portanto boa.

C. AVALIAÇÃO:

Do conjunto de considerações tecidas nesta análise, podemos concluir que:

A atitude do aluno foi positiva: ele tentou!
Os procedimentos estão correctamente encadeados: os elementos estão dispostos pela ordem precisa.
Nos conceitos só se enganou (?) num dos seis elementos que formam o exercício, o que é perfeitamente negligenciável.
Na verdade o aluno acrescentou uma mais-valia ao exercício ao trazer para a proposta de resolução outros conceitos estudados - as simetrias... - realçando as conexões matemáticas que sempre coexistem em qualquer exercício...

Em consequência, podemos atribuir-lhe um...

"EXCELENTE"...

e afirmar que o aluno...

" PROGRIDE ADEQUADAMENTE"!!!

5.7.06

Se podes imaginar, também podes conseguir...

Einstein costumava dizer que "se podes imaginar, também podes conseguir". Quando o fez, certamente que não pensava em futebol, mas nessa frase cabem muitas das mil definições que gerem as suas emoções. Um instante mágico que explica o sentimento de toda uma nação de calções e chuteiras a poucas horas do início do mais importante jogo da história do futebol português.

Luís Freitas Lobo, PÚBLICO, 05-07-2006

sublinhados (iv)

sublinhados: palavras lidas, relidas, sentidas. por nós ou por tantos outros iguais a nós...


daqui

Não acredito em Deus mas tenho medo dele.

O Amor nos Tempos de Cólera
Gabriel García Márquez

sublinhados (iii)

sublinhados: palavras lidas, relidas, sentidas. por nós ou por tantos outros iguais a nós...

Florentino Ariza esquecia-se sempre, e quando menos devia, que as mulheres pensam mais no sentido oculto das perguntas que nas perguntas em si...

O Amor nos Tempos de Cólera
Gabriel García Márquez

27.6.06

26.6.06

[conversas escritas]

Um dos textos mais bonitos que já li aqui pela blogosfera. Do Vítor do [conversas escritas]. De alguém que pega nas palavras, cozinha-as, dá-lhes a cor e o sabor. Por vezes doce, por vezes amargo, mas sempre belo.

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A sala é imensa.
A sala é imensa, penso. Quando eras tu e eu a sala era igualmente imensa, mas sabia-me bem estar numa sala imensa, contigo.
Nessa altura as mulheres consideravam-me um fragmento de mundo e viviam em mim aquilo que julgavam ser uma viagem. Chegavam e partiam como se nunca as tivesse realmente entendido.
Foi numa dessas jornadas que te conheci, mas ao contrário das outras paixões que por aqui se detinham momentaneamente, tu julgavas ter descoberto em mim aquilo que só hoje descobri em ti.
E deste modo, as horas entre nós tornaram-se cada vez mais espessas até eu desaparecer. Fugir do amor é isso mesmo, é pegar nas malas que deixaste em mim, escondê-las cá dentro, no fundo do que sou, e depois dizer-te que desapareceram e que as deves ir procurar.
Essa foi a mentira que desenhei para mim, e hoje, nesta sala imensa, rodeado de nada, não encontro a verdade.

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sublinhados (ii)

sublinhados: palavras lidas, relidas, sentidas. por nós ou por tantos outros iguais a nós...

-Deixa-me ficar aqui – disse-lhe. - Sim, havia sabonete.
Quando recordavam este episódio, já no remanso da velhice, nem ele nem ela podiam crer na verdade assombrosa de que aquela discussão fora a mais grave de meio século de vida em comum, e a única que lhes deu aos dois vontade de desistir e começar uma vida diferente. Mesmo quando já eram velhos e tranquilos evitavam falar dela, porque as feridas acabadas de cicatrizar voltavam a sangrar como se fossem de ontem.

O Amor nos Tempos de Cólera
Gabriel García Márquez

23.6.06

Bora lá...




... pró S. João!


de A Cidade Surpreendente
(conhecem melhor sítio onde encontrar imagens fantásticas do nosso Porto?)

sublinhados

sublinhados: palavras lidas, relidas, sentidas. por nós ou por tantos outros iguais a nós...

Num dia, no cúmulo do desespero, ela tinha-lhe gritado: "Não te dás conta de como sou infeliz." Ele tirou os óculos, num gesto muito seu, sem se alterar, inundou-a com as águas diáfanas dos seus olhos pueris e, com uma só frase, deitou-lhe em cima todo o peso da sua sapiência insuportável: "Lembra-te sempre que o mais importante num casamento não é a felicidade mas a estabilidade." Logo nas suas primeiras solidões de viúva entendeu que aquela frase não escondia a ameaça mesquinha que lhe tinha atribuído em tempos mas a pedra de toque que lhes tinha proporcionado tantas horas felizes.

O Amor nos Tempos de Cólera
Gabriel García Márquez

22.6.06

Às vezes gostava de ter um amigo. Bastava um único. Para, em alturas como esta, ligar-lhe, corrermos os dois até à Foz e, em silêncio, observarmos o pôr do sol. Sim, de facto é em silêncio que eu me encontro agora. Mas falta-me aquela respiração reconfortante a meu lado. Que me acalma, que me acarinha. Vivo rodeada de gente a quem teimo em etiquetar de amigo. Mas nem todos os rótulos exprimem verdadeiramente o que encontramos dentro do frasco. E vou continuando a procurar, nos longos corredores dos hipermercados...

Quais serão os ingredientes que me rotulam? Será que o bocado de papel que me envolve também engana quem o lê? Terei eu também uma etiqueta que não identifica o meu eu?

Passo muitas vezes pela Foz. Verifico se algum dos que comprou o meu frasco, naquele hipermercado, procura ver o pôr do sol acompanhado. Passo em silêncio. Talvez seja só da minha respiração que necessita.

Hoje, sou eu que corro, sozinha, até à Foz.

21.6.06

Verão


Giuseppe Arcimboldoer, Summer

Esta noite preciso doutro verão sobre a boca crescendo nem que seja de rastos.

Eugénio de Andrade
Verão sobre o corpo

entre as 15 e as 17...

Se eles podem,



se eu posso,



porque não hão-de eles também poder?



Hoje, das 15h às 16:45, não percam



serão os únicos deste país que irão correr!

14.6.06

Preferia não te ter visto

Todos os dias digo a mim mesma, como se tu fosses eu, hoje não vou pensar em ti. Que ingénua que sou, nessa pequena frase já está o maior dos pensamentos…
Há uns dias atrás, tive um fim-de-semana tão preenchido, tão divertido, que dei por mim, quando voltava a casa e via o sol nascer, radiante de felicidade porque nesse dia não tinha pensado em ti. Ri, sorri, cantarolei, como se de uma vitória se tratasse. O Amor tem destas coisas, uma capacidade enorme de nos transformar em crianças.
Já não me lembrava de te ver, hoje aconteceu. Os meus olhos, que sempre teimam em ver tudo, desta vez, pareciam fugir ao inevitável, rodeavam-te mas não te olhavam. Ficou uma sensação de angústia, de estranheza, como se te olhasse de outro ângulo e me parecesses diferente.
Preferia não te ter visto

13.6.06



Desenhos da Prisão
Álvaro Cunhal
1913-2005

Adeus



Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade
1923-2005

7.6.06

[noite escura]

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[noite escura]
[noite: s.f. espaco de tempo entre o crepusculo e o amanhecer; obscuridade reinante nesse tempo] [escura: adj. obscura; falta de luz]


Dois meses. Pudesse eu voltar dois meses atrás. Fosse eu capaz disso, fosse eu dono do tempo. Seria a forma de não te saber uma puta, só uma boa menina qualquer de olhos grandes. Porque afinal é isso que pareces e é isso que os outros fazem de ti. Há dois meses tinha um vida calma e um jantar marcado para uma noite de um dia de semana qualquer. Fui um tanso. Porque fiquei logo ao pé de ti, a falar de mim, de olhos bem abertos, de frases soltas, de copo na mão. Tu foste logo atrás, ingénua – pelo menos assim parecias –, querida, bonita… minha. Bem me enganaste. Porque sempre soubeste o que dizias e adivinhaste o que sairia da minha boca. Saiu-me o tiro pela culatra. Acabamos na tua casa e não na minha, contigo a sair do quarto e eu na cama sozinho, perturbado comigo, no que acabara de me transformar: uma extensão de ti, um vazio de mim. Nunca me senti tão nu como ali, mesmo estando já eu meio vestido, despido essencialmente do que deveria estar a sentir: o teu carinho, o meu carinho, o estarmos juntos. Todas essas coisas que mais não eram do que o contrário de nós naquele momento - e como se porventura alguma vez pudesse cometer a ousadia de me referir a nós num só plural. Desde sempre tu e eu.
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Lembro-me daquela conversa de café em que surgiram termos que me eram desconhecidos. E de, em seguida, mergulhar-te em perguntas tentando entender e querer saber mais dessa tua blogosfera. De estranhar o viver-se num mundo virtual, com pessoas virtuais, quem sabe amigos até, onde as palavras fluem e os sentimentos irrompem. E comecei pelo blogue que me indicaste. Li, gostei, até começar a sentir aquela necessidade de o procurar todos os dias. Sim, porque há palavras que não se dizem nas mesas de um café, porque há sensações que só revelamos no nosso mundo virtual, e porque nesse nosso mundo virtual, que é de tantos outros como nós, encontramos o que nós próprios sentimos e nunca soubemos como o manifestar.

E deste blogue fiz uma ponte para tantos outros. Procurei de tudo. Daquela política ou actualidade que não se fala no café, por desinteresse ou ignorância, passando pelo humor, sempre com pitada de inteligência, até aos lençóis da intimidade. Sem nunca deixar de procurar o [noite escura], onde encontrava sempre a familiaridade das palavras. Deixaste morrer essas palavras, ou até, quem sabe, foste revelá-las para outro sítio qualquer, à procura de novos amigos virtuais. Às vezes lá volto à tua morada, que permanece estática. Talvez para sempre, quem sabe...

Mas porque há registos que têm de ser feitos. E porque gostei, quis procurar mais, até entrar nesse mundo, de tantos outros, mas muito meu...

6.6.06

Até naquela praia...


de olhares

Foi já há algum tempo que pisei aquela praia pela primeira vez. A areia era fina e branca. Provavelmente teria sido peneirada durante longos anos. O sol brilhava com grande intensidade. Senti-me bem. Fiquei por ali. Uma década, talvez um pouquito mais. E ali teria ficado para sempre. Bastava que a minha vida fosse feita de sol, areia e mar.

E ali comecei a construir a minha casa. Com grande ambição. Tentei que nada faltasse e que tudo fosse colocado no devido lugar, no tempo certo. E foi vê-la, de dia para dia, a surgir. Nem as paredes, nem o telhado me impediram de ver o sol, de sentir a areia, de ouvir o mar. Quando me pareciam distantes, corria à janela, olhava e sorria.

Já a areia e o mar parece não terem gostado daquela fortaleza. A casa foi rachando pois o solo não era firme. O mar tentava entrar. Primeiro de mansinho, até chegar o Inverno e vê-lo enfurecer-se contra as suas paredes. No início não me entristeci. Era daquela praia que eu gostava, era ali que me sentia feliz, era ali que queria ficar. E, tal como eu roubara um pedacinho à praia, compreendia que ela quisesse um pedacinho de mim. Mas necessitava do meu próprio mundo, que fosse só meu de vez em quando, e para isso ia reparando os estragos que aqueles companheiros iam causando. Sempre com serenidade, pois sabia bem senti-los, ouvi-los.

Até que houve um dia que a casa ruiu. Irreversivelmente. Os tijolos amontoados com tanto cuidado haviam-se desmoronado. E o mar foi levando tudo o que eu sonhara e em que outrora acreditara.

Nesse dia percebi que em todas as praias, por mais bonitas e cativantes que sejam, só se constroem cabanas.

1.6.06

Ontem...


de EmparaLeLo

...completarias 14 anos. Destes 14, 13 anos e 9 meses seriam a meu lado. Sim, porque desde a primeira vez que te vi, nunca mais tive vontade de te abandonar. E sempre desejei que não me abandonasses nunca. Mas assim não foi. A vida tem destas coisas e, inevitalvelmente, o natural seria partires primeiro. Para lado nenhum, que eu não creio que haja um porto no fim dessa linha. Somente partiste para longe, muito longe de mim.

Dizem que hoje é o dia da criança. Sim, eu sei, deveria ser todos os dias. Mas é que hoje teimam em relembrá-lo. Aqui estou, no dia seguinte, novamente a recordar-te. Foste a minha menina. Contigo brinquei, de ti cuidei, a ti me abracei e muito chorei... sempre contigo! Agora para aqui estou. Deixaste-me sozinha com a minha gente. Gente egoísta, gente cruel. Pois, eu sei, já sou bem crescidinha e deveria ter aprendido a viver neste meu mundo. Mas podias estar aqui pelo menos naqueles momentos em que a lágrima cai e eu preciso de te abraçar. Eu sei que é em vão, mas pedi...

O meu pai acha que esta dedicação deveria era ser dada a um filho. Talvez tenha razão. Eu sei que a tem. Mas tu substituiste-o enquanto eu não amadurecia, enquanto eu aprendia. Talvez agora comece a pensar em cuidar de um ser como eu, neste mundo egoísta que é o nosso, para depois lhe dar um ser como tu para abraçar, cuidar e brincar.

E nessa altura, hoje será o dia dele. Até agora, hoje era o teu dia, enquanto eu brincava às mamãs e tu eras a minha criança.

27.5.06

Este blogue encontra-se parado por tempo indeterminado. Às vezes é assim, deixam-se de ter ideias, objectivos ou mesmo forças para o que quer que seja. E desta vez foi para as palavras. Ou talvez para os dedos. É que as palavras surgem instantaneamente, mas os dedos não acompanham... Seria tão mais fácil se este blogue fosse feito com pensamentos!

23.5.06

17.5.06

Paradoxos (IV)


Dionisio Torres, Jovem Cretense

paradoxo s.m. afirmação contraditória que desafia a lógica e o senso comum; absurdo; coisa incrível.

Paradoxo do Mentiroso, de Epiménides ou do Cretense

Epiménides é cretense e afirma que todos os cretenses mentem.
Se Epiménides for cretense e se todos os cretenses mentem, então, quando Epiménides afirma Todos os cretenses mentem, afirma uma proposição verdadeira. Portanto Epiménides não mente quando afirma que todos os cretenses, incluindo Epiménides, mentem.
Em consequência:
1- Epiménides mente se e só se não mente (isto é, diz a verdade)
2- Epiménides não mente (isto é, diz a verdade) se e só se mente.

16.5.06

15.5.06

e já agora...

...parabéns pelo teu Porto! Ofereço-te o gostinho de teres as paredes da casa pintadas de azul e branco (por pouco tempo, que eu cá acho que fica um pouco piroso).

O teu direito...



Ufa, ufa... etapa concluída. A caminho da recta final. Parabéns e felicidades!

And Now For Something Completely Different
The Truth About Lawyers

Paradoxos (III)


paradoxo s.m. afirmação contraditória que desafia a lógica e o senso comum; absurdo; coisa incrível.

Paradoxo de Richard (Jules Richard, 1892-1956)

Tenho um livro, um grande livro, onde estão escritos todos os números naturais que são definidos por frases com menos de cem letras (por exemplo, treze, 13, catorze vezes cinquenta e seis, 784). Mas então existe o primeiro número natural que não pode ser descrito com menos de cem letras. Mas eu acabei de descrevê-lo com menos de cem letras!?!

12.5.06

Que Praga!


de EmparaLeLo

praga s.f. 1 acto de lançar uma maldição a alguém; 2 obscenidade; 3 conjunto dos insectos ou doenças que atacam plantas ou animais; 4 grande calamidade; 5 [fig] pessoa ou coisa importuna.

Esta não. A esta todos gostaríamos de voltar...

11.5.06


de EmparaLeLo

Sei que um dia terei de escolher entre ti ou o que me ensinaram a sonhar para o resto da vida. Receio que nesse dia seja já tarde para seguir o caminho elegido. Hoje ainda é cedo para ter de o decidir.

Paradoxos (II)


daqui

paradoxo s.m. afirmação contraditória que desafia a lógica e o senso comum; absurdo; coisa incrível.

Paradoxo do Barbeiro (Bertrand Russel, 1872-1970)

Lá para Trás-os-Montes, há uma aldeia que tem um único barbeiro, o Sr. Manuel. É ele quem barbeia todos os homens, e somente aqueles, que não se barbeiam a si próprios. Quem barbeia o Sr. Manuel?

10.5.06

Que me caia do céu!


de EmparaLeLo

Isto sou eu a olhar para o céu. À espera que dele me nasça aquela inspiração para escrever. Coisas bonitas, coisas engraçadas, eu sei lá! Mas não. Dele nem uma gotícula que me fertilize as ideias. Dou por mim a reler posts antigos, ou então a postar imagens ou textos que não me pertencem, mas que peço emprestado para não te ver esmorecer, ó meu Em paraLeLo. Ou então esperar que troveje no quintal da olhos postos. Anda sequinha aquela terra ;)

Isto de ter de gerir duas vidas é muito complicado. Se eu não tenho tempo para a minha própria vida, como o arranjarei para esta virtual? Mas não vou desistir. Vou continuar a olhar o céu. Que algo me caia em cima. E que não seja de um pássaro...

9.5.06

8.5.06

Paradoxos


do sítio do costume

paradoxo s.m. afirmação contraditória que desafia a lógica e o senso comum; absurdo; coisa incrível.

Hoje dei por mim a pensar em paradoxos. E o quanto é difícil explicá-los. Se é que possuem explicação. E depois lembrei-me que talvez o mais conhecido (e talvez também o menos paradoxal) está em vias de extinção. Sim, porque ela, a gripe, anda por aí, prestes a dizimar estas nossas companhias de quintal, de mesa (estava bom o caril, não estava?) e até mesmo de conversas. Como é que iremos explicar às crianças da geração futura o que é um paradoxo, se o exemplo mais simples e inteligível poderá vir a desaparecer?

Seria bom tentar arranjar mais alguns exemplos para postar aqui. Por enquanto meditemos neste:

Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

7.5.06

Para ti mãe!


de olhares

há-de flutuar uma cidade no crepúscolo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado

por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém

e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)

um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade


Al Berto
Há-de flutuar uma cidade

4.5.06

Amor


da net

O amor é uma bela flor à beira de um precipício.
É necessário ter muita coragem para a ir colher
Stendhal

2.5.06

A minha vida em BD

28.4.06

A invenção do amor (II)





Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor


Daniel Filipe
A invenção do amor




de EmparaLeLo

27.4.06

Abril



Quando, anteontem, preparei o post abaixo, pensava-o como um preliminar a outro post que se seguiria durante o dia. Mas assim não foi. Gastei o meu feriado a ver dois filmes que a televisão pública resolveu passar: um sobre a inquisição e outro sobre a revolução. A meu ver, muito bem escolhidos. Também não fui à Baixa. Elas, mãe, tia e avó, vão sempre. Há 32 anos. Eu, tal como anteontem, também não estive lá nesse dia.

Depois de andar por aqui, ali e acolá percebi que nada mais poderia dizer. Ou melhor, que o pouco que eu poderia dizer, fruto de leituras, conversas ou investigações, estava já lá dito. Então achei que já não fazia sentido escrever algo. Até realizar que, mesmo dizendo pouco, teria de deixar uma marca neste blogue sobre essa data, tal como essa data deixou uma marca em todos os que o lêem.

Não vivi Abril. Nem sei se sei bem o que isso foi. O meu pai não esteve no Ultramar, ninguém que me é próximo esteve preso ou exilado, nunca me faltou comida na mesa, ... Mas mesmo assim, todos os 25 de Abril, eles, pais, tios e avós, desciam à Baixa para festejar. Isto fez com que toda a minha vida procurasse sentir o que Abril teria sido. Hoje sinto um vazio. Porque não estive lá. Porque, por mais que julgue saber o que terá sido, nunca sentirei a emoção que muitos de vós sentistes.

Dizem que havia muita fome. Que os homens eram mandados para as colónias para escravizar os que trabalhavam nas terras que só a eles pertenciam. Dizem que não podíamos ser contra o regime. Que não podíamos falar. Tive a oportunidade de ser pupila de um grande senhor que teve de se exilar na América Latina. Parece que aqueles encontros que eles faziam para falar da sua ciência eram proibidos. Engraçado, nos dias de hoje frequento-os semanalmente e são vistos como uma mais valia ao desenvolvimento da ciência, ao desenvolvimento do meu país. O meu Professor teve de ir para longe para fazer o que muito bem sabia fazer. Aqui, estava proibido.

Não vivi Abril. Nem sei bem se o sinto com a força que ele merece. Anteontem vivi-o em silêncio. Desapontada com aqueles que, tal como eu, se alaparam no sofá ou foram apanhar banhos de sol numa esplanada qualquer, felizes por terem um feriado que não sabem o que representa e nem querem dar-se ao trabalho de o tentar entender. Talvez eles, tal como eu, não tenham tido um pai no Ultramar. Talvez nunca lhes tenha faltado a comida na mesa. Talvez nunca lhes tenham tapado a boca. Simplesmente porque nunca a abriram para proferir uma opinião.

Gosto de dizer o que penso. Posso dizer o que penso. Posso dizer ao meu país que acho que ele caminha errado, quando eu assim acredito. Mesmo estando eu errada. E isto é viver Abril. Não um dia que passou, mas um posto que nesse dia foi alcançado e que todos juntos lutaremos para que seja eterno. E porque hoje ainda é Abril, e porque desejo que o seja todos os dias, aqui ficam as minhas palavras. Porque as posso pronunciar.

Abril, sempre!

25.4.06





Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.
...
Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.
...
Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.
...
Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.
...
Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.
...
Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer.
...
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!

José Carlos Ary dos Santos
As portas que Abril abriu

19.4.06

Recusa


de EmparaLeLo

Não terás para me
Dar
Quotidiano contigo

abrigo
corpo despido

Nem terás para me
Dar
a segurança do perigo

mais do que o gesto
ocupado

o afago
o desmentido

Não terás para me
dar
o espanto de estar contigo


Maria Teresa Horta
Recusa

18.4.06


Isto de ter mini-férias cansa... Estou estafada. Há sempre n coisas para fazer, outras n pessoas para visitar e depois é isto, deixamos o blogue para aqui abandonado, entregue aos 6 visitantes diários (sim, já são 6!). Ufa, amanhã já começa mais um longo período de trabalho, cheinho de pausas para vir aqui escrever e ir por aquela coluna ali ao lado viajar para outras paragens. Mas por agora vou responder aos 17 comentários que uma leitora nossa resolveu despejar para aqui e resolver uns problemas de uns links que andam por aí a falhar. Já volto!

14.4.06

A Luz


daqui

Estico o braço, na esperança de tocar a luz. A luz do meu viver, dos meus sonhos, das minhas alegrias, das minhas conquistas...
Nunca a tocarei de verdade, nunca a terei na palma da mão. Porém, vou absorvendo a sua luminosidade, tendo a certeza que nunca desisti de lhe tocar.

11.4.06

Vida


daqui

Nunca se pode saber o que se deve querer, porque só se tem uma vida que não pode ser comparada com vidas anteriores, nem rectificada em vidas posteriores.


Milan Kundera - " A insustentável leveza do ser "

8.4.06

Renascer


de EmparaLeLo

Sim amiga, já estão secos os ramos. Durante meses cuidaste dela diariamente. E todos os dias sorrias pela nova folhinha que teimava em desabrochar. Mas o Inverno chegou. Ela viu-se desamparada. Sem ninguém a rodeá-la, a protegê-la. Tentou vingar. Mas o vento era demasiado forte e soprava de todos os lados. E refúgio, nem vê-lo. Deixaste de a regar. Não necessitava, a água era bastante. Abrias os braços, tentavas esticá-los mesmo muito, mas nunca chegaram a ser grandes. Sim amiga, já não têm seiva, os ramos.

Mas olha, agora que não há folhas, consegues ver lá ao longe o sol a nascer? Nunca havias reparado nele, pois não? Ela não permitia que os seus raios trespassassem até aos teus olhos. E olha ali o chão. Não te parece uma plantinha a nascer? Talvez não seja. Talvez sejam somente os meus olhos a quererem ver. Ainda é cedo amiga. O dia só agora despertou. Vamos esperar só mais um pouquinho. E vais ver que estou certa.

7.4.06

6.4.06

Já não há pachorra!


do sítio do costume

Estou farta. Sempre que entro nesta casa ouço o ram-ram do costume. E se há dias em que estou para aí virada, outros há que não posso ouvir esta treta. Não é que não goste dela, da musiquinha dali do lado, mas sinceramente... este blogue já estava a ficar demasiado lamechas! E hoje não me apetece ouvir disto. Talvez Rammstein ou algo mais forte que me lixe o juízo. Mas também não comprei nenhum cd deles e parece que não me deixam sacar as músicas da net. Pois então companheiros, sempre que aqui entrarem cantem bem alto

Es fließt durch meine Venen
Es schläft in meinen Tränen
Es läuft mir aus den Ohren
Herz und Nieren sind Motoren


E se insistirem na balada do costume é só clicar no play ali na barra lateral. Para mim chega!

5.4.06

O maior palavrão português


Já todos um dia resolvemos dissertar sobre qual seria a maior palavra do idioma português. Lembro-me, em criança (há muito pouco tempo;)), brincar com otorrinolaringologistas ou anticonstitucionalissimamentes. Até que hoje, ao abrir o meu correio electrónico, satisfazem a minha curiosidade, desvendando tal mistério. E como devemos sempre acreditar nas mensagens que nos enchem as caixas, e por o meu dicionário (Porto Editora 2003, passo a publicidade) não apresentar tais palavras compostas, e ainda por eu não ser perita na nossa língua portuguesa, e até mesmo por não me apetecer nem ter tempo de averiguar a veracidade de tal facto, deixo-vos com esta informação que dou como um dado adquirido...


4º lugar: Inconstitucionalissimamente (27 letras)

3º lugar: Oftalmotorrinolaringologista (28 letras)

2º lugar: Antinconstitucionalissimamente (30 letras)

1º lugar: Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico (46 letras)

registada no novo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tendo por definição «estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas»

4.4.06

Um só


de EmparaLeLo

Aqui seremos só tu e eu. Os teus olhos percorrem o meu corpo aproveitando o rasgo de luz que penetra pela fenda da rocha. Fixo-te com o meu olhar. Agarras um pedaço de neve e exploras o teu caminho. Sinto-o quente. Derreto-o. Estática, sigo as tuas mãos e vejo-o desaparecer entre os teus dedos. Deslizas agora desenvoltamente sobre o meu corpo húmido, macio, sereno. E, como se não bastasse, queres saber qual o sabor do momento. Com calma e ternura. O tempo deixou de existir. Segues o feixe de luz que me visita, escorregas as tuas mãos, saboreias o momento. Até nos tornarmos num só.

3.4.06

1.4.06

Asas II


da net

Quantas vezes, te olhei, te admirei, sempre em silêncio. Falava, falava, sem fim, tentando com que as minhas palavras escondessem aquilo que os meus olhos diziam.
Foram conversas a fio, manhãs, tardes, almoços, telefonemas, pequenos nadas, repletos de tudo…Bastava o teu nome, e os meus olhos brilhavam.
Aprendi a viver, lado a lado, com esse sentimento. Um sentimento, que eu própria não conseguia decifrar. Amizade? Amor? Paixão?
Decidida, como sempre, travei uma luta, comigo mesma, fazendo imperar a Amizade. Talvez tenha sido este o grande erro. Convencida da Amizade, não vi o Amor chegar.
Um dia, caminhavas a meu lado, e sem mais abraçaste-me. Senti algo inexplicável, senti-me protegida do mundo.
Um outro dia, chegaste e voltaste a abraçar-me, mas desta vez, assim permanecendo, beijaste-me o rosto com todo o carinho.
Ligavas, só para dar duas de letra.
E depois de tudo isto, só percebi que algo poderia acontecer, no dia em que me deste um beijo no canto da boca.
Agora, era tarde para controlar sentimentos.
Saltei para um mundo só nosso, por mim inventado, e apressei-me a construir as asas, na certeza que me iriam fazer falta.
Muita coisa conteceu depois desse dia. Hoje, certa de que o fim chegou, bato as asas inacabadas, tentando voar de volta ao meu mundo.
Agora, queria ser capaz de voltar a falar, a falar sem fim. Mas, perante ti, sinto uma apatia, um silêncio que me corroi.Talvez por saber que não há palavra capaz de esconder o que os meus olhos dizem...

31.3.06

Quilómetro Zero


de EmparaLeLo

Ó olhos postos, se te perguntarem onde fui, diz que estou por ali...