28.2.08

Em busca dos sonhos


Maria partiu. Para trás deixou família, amigos, amores. Para trás ficaram aventuras, descobertas, alegrias. Mas também as dificuldades, os obstáculos, o irrealizável. Maria foi. Não para tão longe que não pudesse manter os sorrisos, aqueles sorrisos de sempre. Mas Maria quis que o perto fosse suficientemente longe, para que tudo ficasse bem lá atrás, guardado naquele baú que prometemos sempre visitar, mas que, bem no fundo, sabemos que nunca iremos ter vontade de o abrir. Maria levou-lhe o sorriso, as sensações, os projectos. Deixou-lhe a desilusão, o desalento, o desconforto.

Partiu em busca dos sonhos. Dos seus sonhos. Confiante que para isso teria de esquecer todo um passado, toda uma vida. De nada nem ninguém precisaria, de nada nem ninguém sentiria a falta. E, sem olhar para lado algum, seguiu em frente. Convicta que lá ao fundo encontraria a realização de todos eles, os seus sonhos.

Dez anos passados, Maria voltou. Voltou em busca dos sorrisos, e sempre os mesmos sorrisos. Mas os sorrisos que encontrou, ou desencontrou, foram outros. Novas aventuras, novas descobertas, novas alegrias, até novos amores. Onde não havia espaço. Olhava à sua volta e observava os mesmos actores, os mesmos cenários, mas personagens diferentes. E já só restava o papel de figurante.

Maria partiu, mas naquele dia decidiu voltar. A razão, essa, eu desconheço. Os sonhos, esses sim, nunca deixaram de ser sonhos.

(foto de Daniel Oliveira em olhares)

27.2.08

Gostava de conhecer...

…quem me explicasse e, definitivamente, me fizesse compreender o comportamento das pessoas nas relações humanas.

(naqueles momentos em que gastamos o tempo pelo hi5 esperando que o tempo que virá seja muito mais proveitoso e florido!)

25.2.08

O primeiro dia


de EmparaLeLo

A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

Sérgio Godinho

23.2.08

«... de facto, os jovens por vezes não se destacam do sistema. Limitam-se a constatar que não há saídas. Essa atitude tem de ser modificada e são eles que a têm de modificar. Se for preciso partir a loiça, escavacar tudo isto, acabar com a burocracia para criar uma sociedade diferente, eles que o façam. Partam mesmo a loiça. Mas são eles que o têm de fazer. Não são os homens da minha geração. Os homens e as mulheres. Aliás, sem as mulheres não se pode fazer nada. Pressinto que, de facto, as mulheres vão ter um papel muito importante na futura sociedade, contanto que não tentem imitar os homens no que eles têm de mau...»

José Afonso

21.2.08

o ponto G

Então não era no fim da palavra shoppinG?

Cientistas afirmam ter localizado o ponto G das mulheres graças à ecografia
Orgasmo vaginal, ejaculação feminina. Lenda ou realidade? Em termos anatómicos, o mistério gira em torno da localização do fugidio "ponto G" das mulheres. Será que foi encontrado?

in
Público

19.2.08

Profs.... a culpa é deles!

Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou o ensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles, aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida. É evidente que a culpa é deles.

E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é uma acusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam os professores. Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas que escolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares. O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssem algum tipo de sabedoria, tê-la-iam usado em proveito próprio. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não. A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento. O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta por passar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e a ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais -até porque sofro de quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contacto entre crianças e adultos masoquistas.

Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão. Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora o há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novas qualidades, este mundo. Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povo cigano. Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem das escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é a minha proposta. Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menos esperança. Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo.

Ricardo Araújo Pereira in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão

15.2.08

sublinhados (v)

palavras lidas, relidas, sentidas. por nós ou por tantos outros iguais a nós...

“-… De que me adianta continuar contigo se não consigo, se nunca conseguirei, apagar-te os medos, as paranóias, as hesitações de puto escondido no sótão, toda a merda que te afasta de mim, que nos impede de conseguirmos dar-nos totalmente, realmente um ao outro. De maneira que o agredia, de maneira que, incapaz de lhe pedir que olhasse por ela, que velasse, simplesmente, o seu coração sobressaltado, o saraivava com recriminações, com chamadas de atenção, com agressões deliberadas que aprendeu a considerar a única saída para as depressões, para as porras, para as burguesices que não levam a sítio nenhum, os problemas de pacotilha dos quarentões neuróticos resolvem-se em cinco minutos de conversa franca em que os convencemos definitiva e irremediavelmente da merda que são.”

daqui a nada
Rodrigo Guedes de Carvalho

14.2.08

the last one


de Alicina, 1000imagens

Ainda és o meu último beijo.

13.2.08

Recomeçar...

…sem rumo. Mudar, sem medo. Comigo veio quase tudo. Toda a mobília, todos os mapas que me levam de encontro aos amigos. Até mesmo as cores com que pintei a antiga casa. Só não trouxe as palavras que os amigos foram deixando. Não que não as quisesse nas novas paredes, mas porque teriam de ser por mim desenhadas. E deixariam de ser vossas, sem nunca poderem ser minhas.
E aqui estou eu sentada, nesta sala ainda vazia, olhando as paredes e tentando perceber como as hei-de ilustrar. Sem pretender que fiquem perfeitas, mas que me façam sentir confortável, neste lugar onde destinei continuar a viver.

6.2.08

Em reconstrução






Este blogue encontra-se em reconstrução por tempo indeterminado...