Gosto de coisas. De comprar pechisbeque em todos os países que visito e encher as minhas estantes com eles. De tirar fotos em todos os momentos e organizá-las em álbuns. Gosto de construir coisas. De vê-las crescer. De reter nas paredes de casa todas as aventuras. Gosto de agradar. De fazer o pão-de-ló de ovos e dar ao colega de trabalho num dia qualquer só porque sei que o adora. Gosto de me dar ao trabalho, de me dar a trabalhos. De me sentir obrigada a tomar café com fulano e de ir jantar com sicrano. Gosto de te bater à porta e de te obrigar a ir ver o sol à foz, mesmo que tenha de te empurrar, porque te sinto derrotada e enroscada nesse teu puf carregado de ácaros, lágrimas, solidão. Gosto de me rir. Gosto de brincar. Gosto muito, mesmo muito, de me rir. Contigo, com ela, e até com aqueles outros daquele outro lado da rua. Gosto de todas as coisas que vão crescendo dentro dos meus armários. E que me fazem sentir que a vida está a ser construída. Que a vida está a ser vivida. Gosto de cada tijolo que empoleiramos. E ainda gosto mais de o barrar bem com cimento. Gosto de, dias mais tarde, dar pontapés a essa fortaleza e orgulhar-me da construção erigida. Gosto de conversar com a gente que vive na minha aldeia. Gosto de ir bater à porta da senhora da frente e dar-lhe um pouco dos bolos que sobraram da festa feita com os amigos (“tão velhinha e para aqui sozinha” – dizia a minha avó que carrega quase 20 anos a mais do que ela!). E ainda gosto mais de sentir que aquela meia hora que estivemos à conversa foi para ela o grande momento da semana. Gosto de reencontrar velhos conhecidos. E de relembrar momentos tão alegres da nossa infância. Gosto de ver a minha agenda preenchida. E até me sabe bem o stress que sinto por recear não estar à altura de todas essas tarefas. Gosto de festas. Gosto de ir ao cinema com aquela amiga distante, mas que está sempre alerta. Gosto de passar 3 horas sentada na praça de alimentação a pôr a conversa em dia e sentir-lhe saudade. Gosto de me dar. Gosto que me dêem. Gosto da liberdade. Gosto da sinceridade. Não gosto da ingenuidade quando fingida. Gosto dos castelos que tenho construído com certas pessoas da minha vida. Orgulham-me. Gosto do material em que eles são feitos.
Castelos de areia? Não. Não me peçam para ir de praia em praia a ajudar a construí-los.
(imagem encontrada pelo Google)
8.2.09
Castelos de areia
Percorrida por 6to100tido às 15:11
Apeadeiros: 6to100tido, me myself and i