26.2.06

Voz Amiga


daqui

Uma brisa assobia por uma
gruta esquecida...
Ouço o pranto de uma criança...
Procuro uma alma perdida

Qual montanha longínqua,
Qual viagem sem fim
Qual o segredo que aprisionei em mim?

Revolta? Apenas lamento!
Alegria? Sofrimento!
Indiferença? Apenas o tormento
De um espírito que esconde alguém
Revelado por ninguém

Paro, por breves e penosos momentos
Procurando resposta
A todos os meus pensamentos

Divagando por receios e loucuras,
Por teias e ninhos destroçados,
Encontro fantasmas e fúrias,
Memórias de elos separados.

Tempos que não recordo,
Trazem-me outro ser estranho e sombrio,
Inocente e sofredor;
Um mar caminhando para o rio

Ria-me quando a vontade era de chorar
Combatia a dor com a expressão
De um soldado que chora por matar.

Mas neste sítio desconhecido
Onde as aves aprenderam a falar,
Onde os peixes aprenderam a voar,
Sinto-me prisioneiro...

Barqueiro, que segura o leme
na tempestade sem abrigo
Onde o sol de inverno anúncia perigo.

De repente no meio da escuridão
Meu olhar descobre a imagem,
Distante e amiga,
De uma alma de coragem.

Erguendo-me ao encontro
da púrpura madrugada,
Daqueles olhos risonhos
Dos segredos que ela guarda
Sinto uma paz, um conforto,
Uma esperança refrescada.

Cada movimento tem lembrança, carinho.
Cada palavra é um chilrear alegre
De um passarinho.

Mas os seu sorriso transparente
Esconde o segredos de uma alma carente:
De sonhos, de liberdade,
Da terra e do mar,
Do céu e luar,
De palavras, de sentimentos, de amizade.

De quem será aquele ohar?
Uma voz terna e meiga responde-me a cantar
Sarando a ferida indolor da saudade:
-Trago-te a eterna e verdadeira amizade.

Embriagando-me com a sua mensagem
Resgatando a minha terrível mágoa.
Traz-me a esta última passagem
O encontro de um sentimento puro como água.

Foi então que descobri
Um tesouro maior que todo o ouro
Maior que toda a intriga
Descobri o tesouro de uma Voz Amiga.

Dedicado a uma verdadeira amiga
LA



Esta semana, recebi o telefonema de um amigo.
Estou habituada ao telefonema anual, da Véspera de Natal, mas desta vez o motivo era outro, um convite de casamento.
Que feliz fiquei, o meu amigo vai casar.
Tais acontecimentos, fizeram-me voltar no tempo, recordar histórias passadas, vivências esquecidas. Foi quando me lembrei deste poema, que um dia me havia oferecido.
Espero que gostem tanto como eu...

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