1.4.06

Asas II


da net

Quantas vezes, te olhei, te admirei, sempre em silêncio. Falava, falava, sem fim, tentando com que as minhas palavras escondessem aquilo que os meus olhos diziam.
Foram conversas a fio, manhãs, tardes, almoços, telefonemas, pequenos nadas, repletos de tudo…Bastava o teu nome, e os meus olhos brilhavam.
Aprendi a viver, lado a lado, com esse sentimento. Um sentimento, que eu própria não conseguia decifrar. Amizade? Amor? Paixão?
Decidida, como sempre, travei uma luta, comigo mesma, fazendo imperar a Amizade. Talvez tenha sido este o grande erro. Convencida da Amizade, não vi o Amor chegar.
Um dia, caminhavas a meu lado, e sem mais abraçaste-me. Senti algo inexplicável, senti-me protegida do mundo.
Um outro dia, chegaste e voltaste a abraçar-me, mas desta vez, assim permanecendo, beijaste-me o rosto com todo o carinho.
Ligavas, só para dar duas de letra.
E depois de tudo isto, só percebi que algo poderia acontecer, no dia em que me deste um beijo no canto da boca.
Agora, era tarde para controlar sentimentos.
Saltei para um mundo só nosso, por mim inventado, e apressei-me a construir as asas, na certeza que me iriam fazer falta.
Muita coisa conteceu depois desse dia. Hoje, certa de que o fim chegou, bato as asas inacabadas, tentando voar de volta ao meu mundo.
Agora, queria ser capaz de voltar a falar, a falar sem fim. Mas, perante ti, sinto uma apatia, um silêncio que me corroi.Talvez por saber que não há palavra capaz de esconder o que os meus olhos dizem...

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