10.4.08

No fundo, somos todos iguais…

Uns bonitos, outros menos bonitos, outros mesmo a rasarem o azeiteiro. Elas também. Alguns elegantes, charmosos, com bom gosto. Tal como algumas delas. Aos casais ou só mesmo entre amigos. Ou até em busca de um par e de alguma felicidade. E era ali o sítio indicado. Sem tabus, sem discriminações, sem olhares de repreensão. Repleto de à-vontades. A música, essa, era boa. Nos últimos anos, nas escassas escapadelas que havia feito, não me identificava nos sons actuais. Retrógrada? Não diria tanto. A música que passou era a da moda, mas com personalidade.

Como se costuma dizer, primeiro estranha-se, depois entranha-se. Éramos só as duas, num mundo muito dela, que eu há muito desejava entender. E com boa música de fundo e bem regada, as conversas fluíram, os porquês tiveram respostas, a amizade enraizou-se.

Acabamos a noite num outro bar, naquele bar que lhe tinha trazido muitas alegrias, mas que ultimamente lhe havia dado outras tantas desilusões. Mariana sabia que provavelmente, e este provavelmente era grande, a iria encontrar. E, sim, Leonor estava lá. Rodeada de amigos e amigas, daqueles amigos e amigas que não lhe interessavam quando elas existiam enquanto par. Naquele bar que fora delas, mas que Leonor ganhara preguiça de frequentar. Agora ali estava ela, cheia de sorrisos e vitalidade. O reencontro foi frio, distante, estranho. A conversa foi curta e meramente social.

O resto da noite foi passado com desabafos, angústias, tristezas, mas também novas esperanças. Não estava só. A amiga que a reconfortava também já o vivera e, mesmo que num outro género, os sentimentos igualavam-se por completo. No fundo, somos todos iguais…

(foto de Ivan Scheers em Gallery of Nudes)

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