21.4.08

O meu cinema

Este fim-de-semana foi passado com Javier Bardem. E digamos que muito bem passado. Foram dois filmes simplesmente fantásticos, duas participações fenomenais. No primeiro, vencedor de um Óscar (para os mais distraídos, melhor actor secundário em Este País Não É Para Velhos) agarrou-me ao ecrã durante as longas duas horas de suspense, tensão, da interpretação de Bardem e da realização dos Coen.

Mas o filme que me surpreendeu foi de facto Amor em Tempos de Cólera. Porque sempre que vou ver um filme depois de ter lido a obra desiludo-me. Faz-me lembrar os meus tempos de estudante de secundário. Na altura as obras obrigatórias eram Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, e Os Maias, de Eça de Queiroz, e, enquanto eu andava com os tijolos atrás a absorver todo o seu conteúdo, à minha volta surgiam aquelas sebentas amarelas com um título tipo “Aprenda a obra queirosiana em 60 minutos”. Talvez por ir à espera de pouco, por saber que havia ingredientes que adorei no livro que nunca iriam ser enaltecidos, por ir receosa de 140 minutos de uma possível pasmaceira (de facto, tenho por hábito começar a mexer-me na cadeira quando passam as 2 horas de fita e quando esta não me cola ao ecrã) e por recear sentir-me realmente só (o que nunca deixaria de ser realidade). Ao contrário do que esperava, gostei da fotografia, gostei de como retrataram a estória (ok, poderiam ter aproveitado mais o enredo da troca de cartas, mas o tempo era curto), gostei de rever alguns dos meus sublinhados (apesar de não os rever a todos), gostei, mais uma vez, de Bardem em Florentino Ariza e amei, sim, amei, a banda sonora. No início a voz parecera-me familiar. Comecei a tentar puxar pelos meus neurónios e eles só me davam a resposta de Shakira. As minhas dúvidas ficaram esclarecidas no fim do filme. Sim, eu não conhecia o reportório dela antes de se tornar famosa e comercial. E nunca pensei que um dia haveria de correr à FNAC mais próxima para comprar um CD dela! Mas assim será. De realçar ainda que a assistência também se portou muito bem. Cada vez gosto mais das sessões das 18:30, pois estão repletas de pessoas que gostam verdadeiramente de ir ao cinema. E que se riem com o bom humor e não com a estupidez e por estupidez. Bom, deixo-vos com o trailer oficial do filme com a promessa de ainda postar por aqui a música que mais me cativou (estou à espera de encontrar um vídeo à sua altura e com direitos de postagem;)).

Um filme de amor, com pitadas de humor, repleto de paixão.

-How long would you wait for love? -Forever.



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