30.9.08

Descubra as diferenças



(Só o Farpas para descobrir estas coisas!)

22.9.08

366*24*60*60

“Quantas vezes olhamos para trás e perguntamos se valeu a pena. E quando olhamos para a frente, será que podemos fazer com que valha a pena? “

Não, não foi como um simples fechar de olhos seguido de um acordar e “Voilá, passou-se um ano!” Foram 366 dias (sim, até aqui a natureza foi cruel oferecendo-me um ano bissexto), 8.784 horas, 527.040 minutos ou 31.622.400 segundos. E como eu vivi cada um deles! Foram tardes deitada na cama, foram telefonemas para o meu porto seguro, foram lágrimas. Foi, principalmente, a derrota. Melhor ainda, a desistência. Desistir de algo em que, aparentemente, só eu acreditava. Foi aceitar que havia dado todos os passos, que não havia mais degraus a subir. Foi aceitar que não valho mais do que um -“Chega, não vale mais a pena.”, – “Pronto, está bem!”. Foi ver tirarem-me todas as vestes sem pedirem licença, sem qualquer aviso. E deixar que as tirassem, uma a uma, comigo permanecendo em silêncio. Foi questionar-vos de “porquês” e levar como resposta “Mas isso agora não interessa.”, “Não podes querer alcançar todas as respostas.” Foi aceitar que, uma semana depois, o telefone não tocou, como acontecera durante tantos anos, sempre naquele meu dia. Foi aceitar que não mereço palavras, que não mereço pedidos de desculpa. Nem mesmo despedidas.

Foi ter que viver numa sociedade que teima em não girar à minha volta. E compreender isso, sem queixumes. Foi deixar que fingissem que eu era um pedaço de mundo compacto, de onde nada se havia desconectado. Foi saber compreender o cansaço dos outros. A descrença. Foi aceitar a compaixão em cada palavra não pronunciada. Foi aceitar a ausência.

Foi achar que não existiria mais amanhã. Que tive a minha oportunidade e a deixara voar. Que envelheci. Que as estórias de príncipes encantados a galoparem num cavalo branco não passam de sonhos de criança. Foi ter de ouvir sermões de quem mais adoro. Só porque teimam em fazer-me acreditar que a felicidade ainda é possível. Mas que, para isso, eu tenho de abrir novamente aquela porta que se fechou há 366*24*60*60 segundos atrás.

Foi deixar-te partir. Deixar que, sozinho, compreendesses o quanto é difícil este mundo que nos rodeia. Foi deixar-te realizar os teus sonhos, que nunca conseguirias concretizar enquanto estivesses a meu lado. Foi deixar de exigir-te que crescesses. A vida se encarregará disso muito bem. Foi deixar-te ir e seres feliz!

Foi, com muita calma, deixar que a janela do quarto novamente se abrisse. Foi aprender a ir a correr ver o mar. Foi encontrar todo aquele conforto em certas amizades. Foi corar quando alguém me dizia “Tens tanta gente que gosta de ti.”, “Tens tanta gente que se interessa por ti.” Foi aperceber-me que consigo, sempre que me disponho, a estar rodeada de gente com quem me sinto tão bem. Foi recomeçar a fazer telefonemas. Foi aperceber-me que também os recebo de volta. Foi deixar, aos pouquinhos, de fazer o sorriso hipócrita para dar lugar ao espontâneo. Foi começar a lutar para que o futuro valha a pena.

Foram 366*24*60*60 segundos. E fico-me só pelos segundos, pois consegui viver com a calma suficiente para não sentir nenhuma unidade métrica inferior a esta.

Se valeu a pena? Sim, todos os meus 30 anos valeram a pena. Já lá dizia o nosso Zeca: “Não me arrependo de nada do que fiz. Mais, eu sou aquilo que fiz.”

Foi ter de chorar só mais estas lágrimas. As últimas.

20.9.08

Coisas de gaja

Pois é amiga, depois de tanto te passeares comigo pelos corredores da H&M na esperança de que a minha reacção se alterasse e me visses a sair com um modelito qualquer, depois de tantas tentativas em vão, eis que aqui a je se resolve a entrar, sozinha e desacreditada, numa calma manhã de um dia de semana qualquer, e sai-se de lá extasiada com a sua primeira compra. Ei-la:


Agora entendes porque é que não corremos o risco de parecermos uma produção em série? Diz lá se não é linda!

This is the end…


… of the summer.

19.9.08

vamos dar música... (iii)



And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new

The Blower's Daughter
Damien Rice

18.9.08

home, sweet home


Finalmente, de volta a casa! Hoje serei só eu e elas, as minhas plantinhas. Não quero que nada nos incomode esta noite. Excepto o rapaz da pizza, depois de uma aula de funky que me porá ainda mais de rastos. Estou exausta!

17.9.08

Why not?



No dia em que se discute na Assembleia da República mais um assunto fracturante, resolvo-me a deixar aqui assinalada a minha opinião. E sublinho, a minha opinião. Muitos de vós partilham a mesma ideia que eu, ou até algo parecido, e outros de vós terão mesmo a opinião oposta. Mas para isso é que existem debates, tertúlias, ou até mesmo aqueles lanchinhos saborosos no tasco onde trabalho. E tenho a felicidade de ter um bom amigo que se delicia em trazer para a mesa estes assuntos que tanto nos dividem e ao mesmo tempo nos aproximam: é que temos sempre opiniões contrárias!

Talvez pensem que sou demasiado anarquista ou que as minhas opiniões são as que são por certas costelas que possuo. Em relação à segunda, tenho a dizer-vos que a minha opinião é totalmente independente das minhas experiências de vida. Quanto à primeira, que sou uma filha de Abril e, portanto, defensora acérrima da liberdade, nunca esquecendo que “A nossa liberdade acaba quando a dos outros começa.” E é sobretudo aqui que alicerço os meus argumentos.

O que é um homossexual? Está-lhe nos genes? Nasceu da educação que teve? São perguntas que já me questionei, mas não perdi tempo nenhum em busca de respostas científicas. Preguiça? Talvez. Mas também porque não me interessa nada esse porquê. A dada altura da vida, um ser humano sentiu que o desejo de compartilhar sentimentos e desejos sexuais estariam na forma de um ser do mesmo sexo que o dele. Há quem diga que há certos genes que provocam essa vontade. Também acredito que às vezes se devam a percursos de uma vida. Posto isto, concordaria plenamente com a frase “Casamento é o contracto celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante a plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código” desde que lhe tirassem o c do contracto (e com isto aproveito para alertar os senhores jornalistas do Público online, e outros a quem a carapuça também assente, que eles são a janela aberta para alfabetização em massa do povo português!). Não falamos de casamento religioso, pois não é disso que se trata. Neste contrato não é visto o casamento como uma “união para a procriação”, mas sim uma “união para a partilha”: partilha de sentimentos, de bens, de vidas, de obrigações perante o outro e o estado. Porquê então o excerto do Código Civil “entre duas pessoas de sexo diferente”? Não encontro uma razão. Para os mais ortodoxos que defendem que é anti-natural, então eu exijo-lhes que defendam, e o façam, o casamento somente como um acto de procriação. É que tudo o resto é possível.

“Já nem os heterossexuais se casam, juntam-se (uniões de facto).” – comenta um leitor. E eu respondo – “Mas podem.” Sou grande defensora da união de facto. A vida ainda não me mostrou grandes vantagens naquele papel passado. Mas se alguém as vê, porque não há-de fazê-lo? Porque hão-de existir sempre daqueles vizinhos que entram pelo nosso quintal adentro para remexer a nossa horta?

Aceito que haja pessoas a quem a homossexualidade ainda faz muita confusão. São frutos de uma sociedade, educação e/ou religião onde isso ainda é renegado. E digo ainda pois estou confiante que a sociedade moderna corre no sentido de naturalizar o que ainda é, para muitos de nós, anti-natura. A única coisa que espero destas pessoas é que aprendam a viver com as diferenças: dos outros e também delas próprias.

(foto de Marco Carocari em Gallery of Nudes)

15.9.08




Lembras-te de todas as noites em que eu chorava? É claro que lembras. Há coisas que uma mãe nunca esquece. Para mim isso nunca foi uma lembrança. Nem mesmo agora, depois de tanto reflectir, não entendo porque o fazia. Talvez simplesmente por querer que estivesses a meu lado. Sempre. Provavelmente lembrar-te-às de todas as outras coisas que eu também recordo. Das vezes em que ficava doente e me sentia imensamente feliz por faltar às aulas para ficar todo o dia deitada no sofá com a televisão em frente e os teus cuidados por todo o lado. Ou de quando, nas vésperas dos testes, te pedia para me fazeres perguntas. Houve um dia em que me disseste que agora eu teria de aprender a fazê-lo sozinha. E eu aceitei de imediato. As tuas palavras sempre me pareceram tão acertadas! Até mesmo aquando daquele dia. Lembras-te? É claro que sim. São coisas que mãe e filha nunca esquecem. Mesmo quando o fingem não mais lembrar. Lembro-me de quando acordei dos meus fantasmas e desatei a chorar: “Eu estou bem, mãe. Desculpa-me.” E do dia em que saí da tua casa, da nossa casa. Tenho a fotografia aqui dentro gravada.

Agora já estou crescidinha. De há uns anos para cá deixei de chorar só para que viesses ali para o meu lado. Até deixei de ficar doente, pois o sofá e a televisão sem ti ao redor deixaram de ser apetecíveis. E comecei também a dar-te conselhos. E tu a ouvi-los e a parecerem-te tão acertados!

Hoje mãe, também tu irás acordar desses teus fantasmas. E eu estarei bem juntinho a ti para ouvir-te dizer: “Estou bem, filhota.” Para que continuemos juntas a arquitectar mais estórias para recordar
.

11.9.08

7.9.08

Agitações

Esta manhã fora planeada para ser de descanso. Do trabalho e de algumas borgas. Para que o primeiro fosse retomado logo ao início da tarde e o segundo mal começasse a noite. Mas, tal como muitos se queixam dos mosquitos que os incomodam em noites quentes de Verão, os animaisinhos com quem convivo há uma semana voltaram a importunar-me.

No estudo que andava a fazer sobre o tráfego aéreo, já havia concluído que os ditos descansavam entre as 00:40 e as 05:50. Talvez devido ao meu cansaço, senti que até estava a conseguir coabitar com eles. Eis que hoje durante a manhã concluo que os gajos gostam de se passear aos domingos! E à medida que a manhã ia avançando, a minha preocupação aumentava. Como é possível os aviões aterrarem com uma cadência assim tão curta? (sim, esta é a rota das aterragens, que por sinal é mais ruidosa) Dei por mim durante a tarde a levantar-me de 3 em 3 minutos para conseguir uma boa foto elucidativa. E parei de os contar quando atingi os dois dígitos.

Acho que ainda vou ter saudades disto!


5.9.08

Estranhamente

de Carlos C em 1000imagens


Estranhamente
reparei, observei, aproximei.
Estranhamente
conversei durante horas, passeei, brinquei, ri.
Estranhamente
as saudades, as vontades.
Estranhamente
a solidão, o desamparo.

Estranhamente
um toque suave na porta.
Estranhamente
um olhar, um abraço.
Estranhamente
uma união, um silêncio.

Estranhamente
nada fora estranho.

4.9.08

Ele há coisas... !

Bom, talvez tenha dado para reparar pela hora de publicação do último post, que os problemas cibernáuticos que me afectavam foram totalmente resolvidos e ainda a tempo de colocar o tal post pendente.

Shiuu... é que não convém divulgar muito isto, mas metem-se com entendidos e estes logo, logo, contornam os obstáculos!

E viva o ssh!

♭♪ Esta vida de viajante está a dar cabo de mim! ♬

Apesar da letra da música estar um pouco alterada, assenta na perfeição. Vou passar um mês a trauteá-la. Fazer malas, desfazê-las, lavar roupa, passar a ferro, gerir as férias da mulher a dias com a nossa ausência por casa, habituarmo-nos a almofadas duras e altas, ao frio de uns locais e à estufa dos outros, … definitivamente, não é tarefa fácil!

Neste momento encontro-me desterrada numa residência onde o único conforto que me rodeia é a disposição de cores com que resolvi espalhar os meus haveres: roupas, livros, comida e pc. Para alegrar ainda mais a paisagem, estou com a secretária encostada à janela que se encontra aberta e de onde só enxergo natureza (e aviões!?). Sou pouco exigente e consegui facilmente sentir que este será um bom lar durante duas semanas. Para ajudar ao enclausuramento, senti-me nas primeiras horas como o burro que corre atrás da cenoura e nunca a apanha. Então não é que temos a internet bloqueada!? Assim não há condições. Trabalho implica passar umas horas em retiro na secretária, que implica aceder à net para consultar sites de conteúdo inteiramente profissional (!?). E perguntam vocês o porquê da expressão correr atrás da cenoura? É que à primeira vista parecia haver acesso à net, à segunda comprovou-se que havia um bloqueio à quase totalidade dos sites, e finalmente percebeu-se que nunca nos iriam resolver tal situação.

Bom, mas pior que tudo isto é conseguir viver com os seres que passam bem rente à minha cabeça durante grande parte da noite. Então não é que os aviões cá do sítio resolveram escolher a rota de aterragem por estas bandas! Passei a primeira noite a dormir entre voos e parece-me que no final da temporada conseguirei definir perfeitamente os horários de tráfego aéreo!

Espero que o alojamento que se seguirá a este tenha melhores condições. Pelo menos está garantido o pequeno-almoço na cama!