26.6.06

[conversas escritas]

Um dos textos mais bonitos que já li aqui pela blogosfera. Do Vítor do [conversas escritas]. De alguém que pega nas palavras, cozinha-as, dá-lhes a cor e o sabor. Por vezes doce, por vezes amargo, mas sempre belo.

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A sala é imensa.
A sala é imensa, penso. Quando eras tu e eu a sala era igualmente imensa, mas sabia-me bem estar numa sala imensa, contigo.
Nessa altura as mulheres consideravam-me um fragmento de mundo e viviam em mim aquilo que julgavam ser uma viagem. Chegavam e partiam como se nunca as tivesse realmente entendido.
Foi numa dessas jornadas que te conheci, mas ao contrário das outras paixões que por aqui se detinham momentaneamente, tu julgavas ter descoberto em mim aquilo que só hoje descobri em ti.
E deste modo, as horas entre nós tornaram-se cada vez mais espessas até eu desaparecer. Fugir do amor é isso mesmo, é pegar nas malas que deixaste em mim, escondê-las cá dentro, no fundo do que sou, e depois dizer-te que desapareceram e que as deves ir procurar.
Essa foi a mentira que desenhei para mim, e hoje, nesta sala imensa, rodeado de nada, não encontro a verdade.

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